Tenho medo de silêncios constrangedores. Se eu vir um silêncio chegando, é como se uma sirene de tornado tivesse disparado e eu estivesse correndo, usando as palavras como minha proteção. Como conselheiros bíblicos, louvamos a virtude de sermos lentos para falar com nossos aconselhados (Tiago 1.19). Isso é bíblico! Nós os ensinamos a controlar suas línguas, e oramos para que o Espírito Santo os ajude a ficar em silêncio diante da tentação. E, no entanto, com que frequência somos rápidos em falar em uma sessão? Partimos rapidamente para o ensino e o julgamento, em vez de permitir que o silêncio tenha seu momento. As pausas são uma ferramenta do conselheiro (embora uma ferramenta enferrujada para alguns de nós), especialmente na hora de fazer perguntas, momentos de ensino e momentos de sofrimento.
Na hora de fazer perguntas
É uma verdade básica do aconselhamento o fato de que não podemos saber tudo sobre uma pessoa. Devemos fazer perguntas. Não sabemos por que nossos aconselhados fazem o que fazem ou o que está em seus corações. Muitas vezes, essas informações também são novas para nossos aconselhados. Eles podem nunca ter pensado sobre essas questões antes em suas vidas. É aqui que a pausa tem um valor inestimável. Depois de fazer uma pergunta, precisamos deixar com que ela tenha seu efeito na pessoa sendo aconselhada. Se eles derem uma resposta de apenas uma palavra ou disserem que não sabem, podemos simplesmente acenar com a cabeça e deixar a pergunta no ar. As novas informações que coletamos podem ser surpreendentes. Pode ser que não cheguemos a lugar nenhum, mas nunca é perda de tempo ficar em silêncio.
Pensar antes de falar é uma arte bíblica. Provérbios 15.28 nos aconselha: “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos ímpios derrama maldades.” Ao fazer uma pausa nas perguntas, estamos deixando nossos aconselhados saberem que o conteúdo de seus corações é importante para nós. Também estamos afirmando nossa presença em estar com eles neste processo e em considerar seus corações com eles. Por fim, também os estamos ensinando a começar a prestar atenção a essas próprias questões. Estamos ensinando-os, por meio do exemplo, a pausar e ponderar. Nunca devemos duvidar da potencialidade do ensino por meio da pausa.
Na hora de ensino
Depois de uma parte do ensino da sessão, há um momento em que esperamos uma resposta do aconselhando. Muitas vezes, esse momento pode ser desperdiçado porque eles não respondem imediatamente e nos sentimos estranhos. No entanto, esta é outra oportunidade para o uso qualificado da pausa. Provérbios 4.26 nos instrui: “Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos.” Em vez de nos apressarmos para falar, precisamos deixar nossas palavras marinarem na mente do aconselhando. Pode ser que eles precisem de tempo, provavelmente até mesmo fora da sessão, para seguir a verdade que ensinamos. A Bíblia enaltece isso como sinal de sabedoria! Devemos lembrar que nem todo aconselhado consegue processar e verbalizar suas conclusões rapidamente na sessão. Muitos precisam de tempo extra para considerar as verdades que estão ouvindo, e isso é bom! Podemos até considerar a incorporação de algumas de nossas perguntas da sessão nas reflexões do diário de lição de casa para a próxima semana. Demonstrar paciência por meio de pausas oportunas pode ensinar ao aconselhando muito mais do que agredi-lo com muitas instruções.
Na hora de sofrimento
Talvez o momento mais crucial para fazer uma pausa em uma sessão de aconselhamento seja na hora do sofrimento. Há um exemplo precioso no livro de Jó quando seus amigos se reúnem ao seu redor para lamentar. Em Jó 2.11, o texto nos diz que o propósito dos seus amigos era confortar Jó. E ainda, no versículo treze, está escrito: “Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande.” Mesmo depois de sete dias e noites, o versículo seguinte nos diz que é Jó, não seus consoladores, quem quebra o silêncio. Frequentemente presumimos que o conforto deve ser verbal, mas muitas vezes é a pausa da presença que é necessária antes das palavras.
Como conselheiros, devemos parar ao enfrentar o sofrimento com um aconselhando e calmamente considerar isso com ele. Assim como fazem os amigos de Jó, quando vemos grande sofrimento, nossa primeira resposta deve ser o conforto da pausa da presença. Aqui não estamos procurando uma resposta, como fazemos quando paramos com perguntas ou instruções. Em vez disso, estamos procurando afirmar a grandeza do sofrimento por meio da presença silenciosa, também como um lembrete de que Deus está com eles. Quando Jesus enfrenta a perspectiva de Seu sofrimento no Jardim do Getsêmani, Ele pede a Seus discípulos que permaneçam com Ele, não necessariamente para exortá-lo, mas para confortá-lo com sua presença (Mateus 25.38). As palavras costumam ser mal usadas e insuficientes na hora da tristeza, mas podemos usar uma pausa, longa ou curta, para lembrar aos nossos aconselhados a presença forte e imóvel de Deus em suas vidas enquanto os suportamos.
O Deus de todo o conhecimento e o conselheiro limitado
Vimos que uma pausa pode dizer muitas coisas. Talvez a mais significativa de todas essas coisas seja que uma pausa comunica que somos finitos e limitados como conselheiros, mas Deus não é. Uma pausa demonstra que precisamos do conhecimento de Deus. Uma pausa demonstra que precisamos da sabedoria de Deus. Uma pausa demonstra que o sofrimento de um aconselhado é grande, mas Deus está com eles. Deus conhece perfeitamente o nosso aconselhado naquilo em que apenas os conhecemos em parte. Devemos usar nossas pausas nas sessões como uma declaração da grandeza de Deus e nossa necessidade Dele.
Questões para reflexão
Como Jesus usa pausas em Seu ensino, perguntas e tanto no seu próprio sofrimento quanto no dos outros? De que maneiras você pode praticar para se sentir confortável com as pausas em uma sessão (cronometrando você mesmo, escrevendo perguntas para os diários de casa em vez da sessão, etc.)?
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Este post, de autoria de Bekka French, foi originalmente publicado no blog da Biblical Counseling Coalition. Traduzido por Gustavo Santos e revisado por Lucas Sabatier. Republicado mediante autorização.
*Os conceitos e posicionamentos emitidos nos textos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores originais, não refletindo, necessariamente, a opinião da direção e membros da ABCB em sua totalidade.
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